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Biodiesel em ascensão

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Mensagem  Correia Sáb Nov 24, 2007 4:06 am

Biodiesel em ascensão
(18/04/2007)

Alternativas de plantas para produzir óleos vegetais são o que não falta em todo o mundo, principalmente na faixa tropical do planeta.


Mas mesmo em áreas gélidas como a região da Patagônia, na Argentina, já existem iniciativas para produção de biodiesel com o óleo de algas marinhas. Em março, o sítio da Rede de Ciência e Desenvolvimento, SciDevNet na sigla em inglês, anunciava um empreendimento argentino tendo à frente a empresa Oil Fox, que fez um acordo com o governo local para cultivar algas marinhas em grandes piscinas na província de Chubut. Com investimentos alemães de US$ 20 milhões, a empresa anunciou que espera produzir 240 mil toneladas de biodiesel marinho anuais em apenas 300 hectares ante 600 mil hectares que seriam exigidos para a produção de soja.

No Brasil ainda existem muitas alternativas, como o babaçu, o amendoim, o caroço de algodão, o pequi e o pinhão-manso (leia boxe), por exemplo, fora outras plantas amazônicas ainda sem cultivo estabelecido. Muita coisa já foi experimentada. “Entre 1977 e 1980, quando testávamos várias matérias-primas, uma produtora de suco de maracujá cearense, a Agrolusa, pediu que tentássemos a produção de diesel com sementes dessa fruta”, lembra Expedito Parente, da Tecbio. “Deu certo, e as kombis da empresa rodaram por seis meses com esse biodiesel. Mas depois verificaram que os preços pagos pela indústria de cosméticos para o óleo de sementes de maracujá eram bem mais compensadores.”

Outra experiência curiosa de Parente nos primórdios do biodiesel no Brasil foi a produção de biocombustível com óleo de sardinha. “Recebi de uma empresa da Bélgica 200 litros de óleo de peixe que se mostrou muito bom para produzir biodiesel.” A gordura animal ou o sebo, tanto de bovinos como de frangos e suínos, também está atualmente na rota dos produtores com o uso do mesmo processo de transesterificação. “No Brasil existem disponíveis 700 mil toneladas anuais de sebo bovino para produção de biodiesel, um produto que deixou de ser resíduo para se transformar num subproduto”, diz Carlos Freitas, consultor e sócio da Conatus Bionergia, que se prepara para instalar uma fábrica de biodiesel no norte do Paraná, com capacidade de produção de 200 toneladas por dia, inicialmente com óleo de soja e girassol. “A gordura animal é importante, mas, pela quantidade ofertada, sempre ficará à margem dos óleos vegetais.”

Embora nascente, a indústria de biodiesel no Brasil já exporta tecnologia. Dabdoub, da USP, já prestou assessoramento para duas usinas de biodiesel que foram construídas nos Estados Unidos. Uma delas, na cidade de Gilman, no estado de Illinois, é de um empresário brasileiro, Renato Ribeiro, que produz óleo de soja em solo norte-americano. Ela tem capacidade de produção de 110 milhões de litros por ano e usa o etanol extraído do milho. Nessa empreitada, US$ 2 milhões foram exportados do Brasil para os Estados Unidos em equipamentos. Em outra usina, em Durant, no estado de Oklahoma, Dabdoub só transferiu conhecimento em forma de assessoramento. A usina está em construção para produzir 80 milhões de litros por ano e só levará equipamentos brasileiros, possivelmente, numa segunda etapa.

Durante a elaboração desse trabalho Dabdoub recebeu a oferta de um convênio para estudo de biodiesel entre a Universidade do Estado de Oklahoma e a do Texas, numa parceria com apoio da Sociedade Brasileira de Química e de sua congênere norte-americana. A interação vai beneficiar alunos por meio de estágios entre os dois países. Para o pesquisador, esse é um caminho de duas mãos. “Conhecimento não se entrega, se intercambia”, diz Dabdoub, que também é presidente da Câmara de Biocombustíveis do governo do estado de São Paulo.

Planta piloto – A parceria e a interação com o meio acadêmico também estão na mira da empresa Marchiori, que desenvolveu equipamentos, como tubulações, tanques e reatores para usinas de biodiesel feitos com fibra de vidro em vez do tradicional aço, que custam, segundo o engenheiro de produção, Antonio Martinho Marchiori, sócio da empresa, de 30 a 40% menos que os usados atualmente. “Temos uma patente dos equipamentos e do processo de produção de biodiesel com fibra de vidro”, diz Marchiori, que doou uma planta piloto, que produz 200 litros por dia, para o Pólo Nacional de Biocombustíveis que funciona na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP. “O mesmo estamos fazendo com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), da cidade de Ilha Solteira. Nos dois casos, pretendemos, com os estudos que serão feitos, obter melhoria das nossas usinas em itens que a universidade pode colaborar, como automação e informatização.”

Uma outra megaparceria recém-finalizada que teve os resultados apresentados ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em março, foi a da aprovação em testes da mistura de 5% de biodiesel ao diesel mineral. Participaram do projeto a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), empresas de autopeças, além do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) de Curitiba, Paraná, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Unesp de Jaboticabal. Com isso, o governo e as montadoras podem adotar os 5% programados para 2010. “Foram 140 caminhões, além de alguns tratores, que rodaram milhares de quilômetros e, quando abrimos os motores, verificamos excelente durabilidade, melhor lubrificação”, diz Dabdoub, que coordenou os trabalhos. “A montadora de tratores Valtra já pensa em dar garantia para até 20% de biodiesel.”

Testes semelhantes foram finalizados em agosto de 2006 para o grupo francês PSA Peugeot Citroën feito pela equipe de Dabdoub junto com o Lactec. Um Peugeot 206 e uma Xsara Picasso, com motores a diesel, comuns na Europa, rodaram mais 110 mil quilômetros, além de passarem por testes de bancada, com 30% de biodiesel, e apresentaram excelentes resultados. “Usamos óleo de dendê, soja e mamona, em proporções diferentes, e etanol na produção.”

Para Dabdoub ainda há uma extensa área de pesquisa ligada ao biodiesel. Uma delas é a chamada catálise enzimática – da mesma forma que acontece com os estudos de pesquisadores brasileiros e de fora do país para uso do bagaço de cana ou de outros resíduos para extrair o etanol.

No caso do biodiesel, o objetivo é retirar mais óleo dos resíduos da produção da óleo soja, da mamona e de outras plantas usadas para produção do diesel vegetal. “Nós já conseguimos isso, mas o método ainda não é competitivo”, diz Dabdoub. Ele também afirma que a glicerina – um produto resultado do processo de transesterificação que é vendido para a indústria química, farmacêutica e de cosméticos – poderia ser utilizada como um novo recurso energético dentro da usina de biodiesel. Ela geraria energia elétrica por meio da criação de vapor para mover turbinas, como se faz com o bagaço da cana nas usinas sucroalcooleiras. “Mas só será viável quando cair para 70% do valor atual do diesel derivado de petróleo usado para queima em caldeiras ou para aquecimento em países de clima frio, compensando, dessa maneira, o menor poder calorífico da glicerina com um preço menor também. No cenário atual, com o preço da glicerina atingindo os US$ 700 por tonelada, usá-la em caldeiras para gerar energia ainda é inviável.”

Fonte: Revista Pesquisa-FAPESP

Correia

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