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Argentina produzirá biodiesel a partir de algas marinhas

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Mensagem  Correia Sáb Nov 24, 2007 4:13 am

23/02/2007 - 16h27
Argentina produzirá biodiesel a partir de algas marinhas
Natalia Kidd Buenos Aires, 23 fev (EFE).- A produção de biodiesel a partir de algas marinhas é a aposta da Argentina para acelerar na corrida por fontes de energia limpas e mais baratas.

"O uso das algas como matéria-prima para produzir biocombustível vem sendo pesquisado no Japão, no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e em nosso país, mas nós seremos os primeiros a produzi-lo com fins comerciais", disse à agência Efe o presidente da empresa Oil Fox, Jorge Kaloustian.

A firma argentina, que produz biocombustíveis desde 1997, assinou nesta quarta-feira uma carta de intenções com o Governo da província de Chubut, no sul do país, para semear quatro variedades de algas do mar argentino e produzir óleo a partir delas.

Piscinas gigantes serão construídas para a reprodução das algas.

Uma unidade de produção de óleo será erguida em seis meses, com um investimento de entre 20 e 25 milhões de dólares.

Comodoro Rivadavia, em Chubut, fica 1.800 quilômetros ao sul de Buenos Aires. O porto da cidade oferecerá a logística necessária para armazenar o óleo que depois será transportado de navio até o porto de San Nicolás, no Rio Paraná.

Nessa cidade, localizada 250 quilômetros ao norte da capital argentina, a Oil Fox construirá em nove meses uma unidade que transformará o óleo de algas em biodiesel, com uma produção anual estimada de 240.000 toneladas.

"As algas surgiram como opção devido a uma necessidade", conta Kaloustian.

O empresário havia captado US$ 19 milhões de investidores alemães para construir a unidade de San Nicolás, mas com a condição de que a Oil Fox conseguisse um contrato de fornecimento por cinco anos com uma empresa destiladora de óleo de soja.

Mas nenhuma empresa de produção de óleo de soja quis assinar um compromisso com a Oil Fox devido à crescente demanda do produto por parte de clientes asiáticos, que puxa os preços para cima.

"Tínhamos que encontrar outra alternativa. Tentamos com o tartago para fazer óleo de rícino (...). Comprar uma empresa de produção de óleo não era viável. Começamos a pesquisar e descobrimos o trabalho que está sendo desenvolvido no MIT. Depois encontramos uma pesquisa similar em Chubut e fomos para lá", relatou o empresário argentino.

A surpresa foi maiúscula: de um hectare de soja podem ser extraídos 400 litros de óleo, mas com uma superfície semeada com algas equivalente a um hectare podem ser produzidos 100.000 litros.

"Para alimentar a unidade de San Nicolás, precisaríamos da produção de soja de 600.000 hectares. Com 300 hectares de algas na Patagônia pode ser obtida a mesma quantidade de óleo", disse Kaloustian.

De acordo com o empresário, "produzir óleo a partir de algas é muito mais simples do que fazê-lo a partir da soja, e tem a metade do custo".

Em Chubut, a Oil Fox formará uma joint-venture com o Governo da província para produzir as algas e o óleo. Em San Nicolás, fabricará o biocombustível que será exportado quase totalmente à União Européia (UE).

A Argentina conta desde 2006 com uma lei de promoção aos biocombustíveis que abre as portas para novos investimentos no setor.

Existem no país cerca de quinze unidades de elaboração de biocombustíveis em funcionamento. Porém, a maior parte da produção não é comercial, mas destinada ao abastecimento dos próprios produtores agropecuários, que utilizam o combustível em suas máquinas.

De acordo com Kaloustian, o fato de a Argentina ser um dos maiores produtores mundiais de óleo de soja pode fazer com que o país se torne "o Kuwait do mundo em matéria de biodiesel".

O setor está em plena transformação, com a entrada de grandes empresas, como a Petrobras e o grupo hispânico-argentino Repsol YPF, e a chegada de investimentos milionários.

Um dos motivos dos novos investimentos é que a nova lei determina que, a partir de 2010, os combustíveis tradicionais tenham a adição de pelo menos 5% de componentes renováveis.

Fonte: UOL Economia.

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* Abaixo, uma informação complementar publicada em O Eco, por Frederico Brandini (11/9/2007)

"No Brasil a política de biocombustíveis já mostra defeitos congênitos. O pior deles é o uso do solo do Cerrado para a agroindústria da soja de modo a atender a demanda interna e de exportação de biocombustíveis. O outro é o consumo de água doce, que já começa a preocupar tendo em vista os problemas com o desequilíbrio do ciclo hidrológico Sabemos que são consumidas centenas de litros de água para cada quilo de grãos de culturas oleaginosas. O Dr. Paulo César Abreu, do Departamento de Oceanografia da Fundação Universidade do Rio Grande (RS), foi quem me familiarizou com o tema e com as vantagens da produção de biodiesel a partir de microalgas marinhas. São vegetais unicelulares que não usam água doce, podem ser cultivadas em tanques flutuantes no mar, sem conflitos agrários, e usar nutrientes de fontes oceânicas desde que as águas profundas ricas em nutrientes sejam bombeadas até a superfície. Nada que um pouco de tecnologia e vontade política não resolva. Para quem quiser saber um pouco mais sobre a importância ambiental, ecológica (mesmo!!) e sócio-econômica das microalgas marinhas veja o artigo "A natureza escondida".

O conteúdo de lipídios das microalgas, substância precursora do biodiesel algal, varia entre 1 a 40% do peso seco, podendo alcançar até 85% se as condições nutricionais do cultivo for manipulada. Quer dizer, se a concentração de nutrientes for reduzida diminuindo os custos de produção, a concentração de lipídios intracelular aumenta ainda mais, o que aumenta o rendimento. Um paradoxo jamais encontrado no sistema produtivo industrial. As microalgas marinhas, sobretudo as diatomáceas, são mais promissoras ainda devido ao alto teor de lipídios em suas células. Claudia Maria Teixeira e Maria Elizabeth Morales, ambas pesquisadoras do Instituto Nacional de Tecnologia (RJ) publicaram o artigo “Microalga como matéria-prima para a produção de biodiesel” que comprova o potencial das microalgas como candidatas à matéria prima para a produção de biodiesel no Brasil sem conflitos ambientais.

Em Portugal, empresas européias (Alga Fuel, Green Cybe & Espírito Santo Ventures) estão investindo em uma refinaria de produção em massa de microalgas. É um novo conceito de rendimento de óleo por biomassa vegetal. O “single cell oil” (SCO) que visa desenvolver tecnologia para extração de óleo de organismos unicelulares, como as microalgas.

Nossos pioneiros

No Brasil existem iniciativas pioneiras do uso de microalgas para produção de biodiesel e fixação de carbono como forma de diminuir emissões industriais. O Dr. Roberto Bianchini Derner coordena atualmente o Projeto “Biodiesel a partir de microalgas”, a ser desenvolvido no Departamento de Aqüicultura da Universidade Federal de Santa Catarina. Resumindo, as principais vantagens do uso de microalgas como matéria-prima para a produção de biodiesel são:


Gasta pouca água. A maior parte da água é usada como habitat dos organismos que vivem em suspensão. Os cultivos em bioreatores mantêm a água em sistema fechados ou em piscinas abertas, onde pode ser reutilizada indefinidamente após cada colheita.
Cultivos em massa podem ser feitos em qualquer lugar. Não utiliza o solo como habitat de sustentação. Portanto nossos solos podem continuar a produzir a agricultura tradicional, sem haver a necessidade de impactar o Cerrado ou Amazônia no processo produtivo.
Cultivos em massa de microalgas ocupam o espaço em três dimensões. Ou seja, 1 metro quadrado de área usada para cultivos de microalgas pode ser estendido verticalmente produzindo centenas de vezes mais óleo vegetal do que culturas oleaginosas no mesmo espaço. Veja bem as vantagens disso! Não precisa derrubar mata nativa nenhuma. Em escala experimental, estima-se que as microalgas possam produzir de 200 a 300 vezes mais óleo vegetal do que a maioria das oleaginosas em uma área 100 vezes menor. Isto é, para produzir 250 mil toneladas de biodiesel vegetal a partir de microalgas são necessários 2.500 hectares de espaço em terra. Para produzir as mesmas 250 mil toneladas a partir da soja são necessários 500 mil hectares.
A questão do espaço é ainda mais vantajosa se os cultivos em massa forem desenvolvidos no mar, depois que o Ibama licenciar, é claro. As medidas compensatórias são várias!
Microalgas têm eficiência fotossintética muito maior do que os vegetais terrestres, com crescimento e acumulo rápido de biomassa vegetal. Ou seja, produzem mais biomassa por hectare em menos tempo.
Outra vantagem de usar microalgas marinhas, é que elas NÃO NECESSITAM ÁGUA DOCE!! Crescem na água salgada. Um problema ambiental a menos.
Microalgas são fixadoras eficientes de Carbono atmosférico. Fixam mais Carbono através da fotossíntese em muito menos tempo. Estima-se que cada tonelada de biomassa algal produzida em determinado tempo consome duas toneladas de CO2 através da fotossíntese. Isso representa dez a vinte vezes mais do que o absorvido pelas culturas oleaginosas.
A natureza unicelular assegura uma biomassa com mais pureza bioquímica, ao contrário das plantas terrestres que tem compostos diferentes em diferentes partes do vegetal (p.ex., frutos, folhas, sementes ou raízes)


Entre 1978 a 1996 foi desenvolvido o “Programa de Espécies Aquáticas” no Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL), financiado pelo Office of Fuels Development, da Division of the US Department of Energy. O programa testou várias espécies de microalgas marinhas e de água doce, concluindo que as diatomáceas e as Clorofíceas unicelulares (p.ex., Neochloris oleoabundans, Scenedesmus dimorphus e Botryo-coccus braunii) são os grupos mais promissores. Espécies do gênero Botryococcus podem produzir até 86% de seu peso seco em hidrocarbonetos de cadeia longa (quer mais!?). Alguns cientistas acreditam que foi um antepassado fóssil desse gênero de microalga o responsável por vários depósitos de petróleo explorados atualmente.

Ou seja, as vantagens de usar microalgas, sobretudo marinhas, como matéria-prima para a produção de biodiesel são óbvias. E os números em relação à eficiência e vantagens sobre as culturas de oleaginosas estão aí para comprovar. Estamos mais uma vez diante de uma bifurcação na corrida pelo desenvolvimento com responsabilidade ambiental. Podemos seguir o caminho da tecnologia inovadora, criativa e alternativa, que usa a biotecnologia em benefício da própria humanidade. Ou continuamos no caminho da agroindústria tradicional, que até agora usou a biotecnologia para o benefício próprio além do ônus futuro de mais problemas ambientais."

Correia

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